INSTRUÇÕES PARA CONEXÃO COM "TARA"


INSTRUÇÕES PARA CONEXÃO COM "TARA"
O mantra inicia com Om, que é o principal dos mantras Védicos e é também chamado Taraka ou o poder de receber e doar.
O mantra termina com SvThi, o principal mantra com o qual oferendas são feitas a Agni ou o fogo sagrado Védico,
que é também considerado como outro nome para Durga.

Tura significa: Rapidamente; a Deusa é exaltada por sua rápida ajuda aos seus devotos.
As Deusas Falam:
Todo lugar que você vê é meu templo.
Todos os eventos são atos de veneração a mim.
Em todos os tempos são minhas sagradas celebrações, como um Jam da natureza de tudo.


Explicação da oração

Om contém três sons: ah, oh e mm, e significa as imensuráveis qualidades dos corpos, da fala e das mentes dos seres iluminados.
De acordo com os ensinamentos tântricos de Buda, os caminhos incluídos no mantra om tare tuttare ture soha levam ao estado mental onisciente.

Ao efetivarmos esses caminhos na nossa mente, purificamos nosso corpo, nossa fala e nossa mente e os transformamos no corpo, na fala e na mente sagrados de Tara.
Aqui, om é a meta e tare tuttare ture é o caminho.
Tare: "Aquela que liberta."
Norma1mente, "Tara" significa libertação dos nascimentos infelizes, dos sofrimentos da existência cíclica, e da armadilha sutil do nirvana.

Embora uma pessoa possa se libertar da existência cíclica e atingir o nirvana, leva um longo tempo para que ela desperte desse estado de paz abençoada e comece a trabalhar para os seres sencientes.
Comparada com a motivação para atingir a iluminação a fim de trabalhar para os outros, a meta para alcançar o nirvana apenas para si é limitada.
Assim, Tara não apenas nos livra da existência cíclica mas também do estado de paz abençoada, levando-nos à iluminação.

Esse é o significado usual do primeiro tare no mantra.
Ele representa tudo de que deveríamos ser libertados, o caminho que liberta, e a meta para a qual a Tara nos leva: o estado onisciente da iluminação.

Aqui, contudo, o significado de tare é explicado como a libertação da existência cíclica, a primeira das quatro verdades - o sofrimento.
Tuttare: "Que elimina todos os medos." Tara é considerada como aquela que nos liberta dos oito "medos", ou dos sofrimentos dos oito tipos de ilusão, cada uma sendo comparada a uma causa externa de medo: o sofrimento do apego, que é como uma grande enchente; o sofrimento da ira, que é como o fogo; o sofrimento da ignorância, que é como um elefante; o sofrimento do ciúme, que é como uma serpente; o sofrimento do orgulho, que é como um leão; o sofrimento da avareza, que é como correntes que aprisionam; o sofrimento de visões equivocadas, que é como um ladrão; e o sofrimento da dúvida, que é como um fantasma.
Se nos refugiarmos em Tara, recitarmos seu mantra e praticarmos seu método, ela nos libertará não apenas dos sofrimentos interiores da ilusão como também dos perigos exteriores tais como enchentes, incêndios e ladrões.
Assim, com tuttare, Tara nos liberta das verdadeiras causas do sofrimento (a segunda das quatro nobres verdades) - do karma e das ilusões que dão origem ao karma.
Ao recitá-lo, nossos medos podem ser dissolvidos, o que indica que Tara nos leva ao verdadeiro caminho, o dharma absoluto - O verdadeiro remédio para as causas do sofrimento.
Ture: "Que concede todo o sucesso." Aqui, sucesso relaciona-se com as metas dos praticantes que possuem os três níveis de motivação; um nascimento afortunado, a meta do nível inicial de motivação; nirvana, a meta do nível intermediário de motivação; e a iluminação, a meta do nível mais elevado de motivação.
"Todo sucesso" também relaciona-se com o sucesso em todas as atividades da nossa vida - nos relacionamentos, nos negócios, na busca das condições perfeitas para a prática do nosso dharma e na consumação das nossas metas dhármicas.
Soha: Cada palavra do mantra - de om a soha - desempenha uma função espeecífica, como é explicado acima; cada uma traz um grande benefício.
Assim "a soha e às outras sílabas prestamos a mais eminente homenagem".
Soha por si mesmo significa "Possam as bênçãos de Tara que estão contidas no mantra om tare tuttare ture se enraizarem nos nossos corações."
Se desejamos cultivar maçãs no nosso jardim, devemos plantar a raiz de uma macieira. De modo semelhante, se queremos atingir a iluminação, devemos plantar no nosso coração a raiz do caminho completo, que está contido no mantra om tare tuttare ture soha.

Ao orarmos a Tara e recitarmos seu mantra recebemos suas bênçãos; pela penetração das bênçãos de Tara no nosso coração somos capazes de gerar todo o caminho para a iluminação. Ao gerarmos o caminho - método e sabedoria - nas nossas mentes, o nosso corpo, nossa fala e nossa mente impuros purificam-se e se transformam no corpo, fala e mente sagrados de Tara.
Fonte:
http://www.geocities.com/sakyabr4/orTara.html


A Forma Feminina do Buda
Homenagem a você, para quem todos os Darmas são simples desde o início!
Homenagem a você, que permeia todas as coisas com grande compaixão!
Homenagem à suprema salvação de todos os seres migrantes!
Homenagem a Você, Oh Tara, que é a mãe dos conquistadores!

Tara é uma Deusa Tibetana. Ela é chamada de “A Fiel” ou “A Feroz Protetora”.
O nome Tara significa “Estrela” e ela é a Deusa da compaixão universal,
representa a virtude e personifica nosso próprio conhecimento interior,
a transformação da consciência, jornada para a liberdade.


* Bodhisattva: o ser que está a caminho de se transformar em um Buda.
** Mantra: man = pensar/mente e tra = controle
***Bijamantra = semente do mantra, sílaba que contém a essência da divindade.

Até os primeiros anos da era cristã, o princípio masculino reinava, supremo e tranqüilo, tanto no budismo quanto no bramanismo. As divindades hindus, herdadas e assumidas pelo budismo, eram quase que exclusivamente masculinas. Os budas e bodhisattas, pertencentes ao budismo Mahayana em seus primórdios eram quase inteiramente masculinos.
As primeiras divindades femininas a aparecer no budismo Mahayana foram Tara e Prajnaparamita. Tara, a Salvadora, aparecendo no século II, representa a epifania da Grande Mãe cujo culto se estendeu, em tempos antigos, sobre o vasto território afro-egeu-asiático e sempre foi adorada pela camada pré-ariana da população da Índia.
Foi durante o primeiro milênio da era cristã, que os ensinamentos místico0ocultos do tantrismo se espalharam pela índia, obliterando muitas das diferenças entre o hinduísmo e o budismo. Muitas divindades hindus foram incluídas no panteão budista como bodhisattvas e dharmapalas (Defensores da Doutrina).
No posterior budismo tântrico, especialmente o Vjarayana (Caminho do Diamante), que sobreviveu apenas no Tibete, cada divindade masculina foi presenteada com uma parceira feminina, como no hinduísmo, mas os significados filosóficos são diferentes. No hinduísmo, a divindade feminina representa a parceira ativa, a shakti (poder ou energia), do Senhor Shiva, que sem ela teria permanecido no sono profundo do Absoluto. O budismo reverte esses papéis de acordo com a filosofia mística do Prajnaparamita (discursos do Buda). A divindade feminina não é shakti, mas prajna (sabedoria), que é identificada como "shunya" a Vacuidade. Prajna é o que concorda, o passivo, o contemplativo. Os Budas e as divindades masculinas são os parceiros ativos, simbolizando karma (compaixão) e upaya (método ou habilidades), as características fundamentais de um bodhisatta.
A união mística das dualidades do mundo e especialmente a união inseparável da sabedoria, o princípio feminino, e da compaixão, o princípio masculino, é vivamente simbolizada na arte e no ritual tibetanos, de forma mais forte talvez pelo vjara e pelo sino, e também pelo abraço sagrado das divindades, chamadas em tibetano de yab-yum (pai-mãe). Com o auxílio desses símbolos, o adepto da meditação transcende as dualidades dentro de sua própria natureza. A síntese final entre compaixão e sabedoria leva à percepção do Absoluto.
NASCIMENTO DE TARA
. Se conta, que Avalokiteshavara, o Buda da Compaixão, que em profundo pesar ante os sofrimentos do samsara, lhe caíram lágrimas dos olhos, lágrimas essas que formaram um lago. Do fundo do lago emergiu uma flor de lótus. Quando o botão se abriu, uma maravilhosa divindade feminina saiu de dentro dela. Era Tara, que em sânscrito, significa "estrela".
A nobre Deusa Tara é descrita como "da cor da lua, calma, sorridente, sinuosa, irradiando luz de cinco cores..."
Tara, filha de Avalokiteshavara, tem beneficiado muitos seres, manifestando-se de varias formas e realizando varias atividades através de estados particulares de concentração. A sua terra pura chama-se “harmonia das folhas de turquesa”.
Tara possui inúmeras personalidades que se expressam de acordo com a necessidade e a diferença entre essas manifestações está na cor.
Todas as divindades femininas budistas, possuem também seus aspectos pacífico e agressivo. Em seu aspecto pacífico, as divindades, tanto masculinas quanto femininas, usam coroas, jóias, mantos bordados em pedestais de lótus e possuem halos e auras de raios de luz. Em seu aspecto agressivo, elas tendem a ter poses dinâmicas e estatura alta e aparecem lutando contra demônios, a testa franzida, tendo emblemas e ornamentos terríveis, envoltas em chamas.
No Vajrayana, cada divindade ocupa seu lugar na hierarquia divina, além de possuir seu mantra, sua mandala (esfera de influência, simbolizada por um diagrama cósmico), seus próprios assistentes e mensageiros. Cada uma é reconhecida por seu posto, cor de pele, o número de cabeças e membros, "mudras", suas roupas, emblemas, ornamentos e acessórios. Tudo isso deve ser visualizado com clareza e precisão pelo adepto para que a divindade possa se manifestar.
A história de Aria Tara1
Em uma longínqua era, num universo chamado Luzes Variadas, apareceu, certa vez, um Buda abençoado de nome Dundubi-svara. Havia, nesse universo, uma princesa chamada Lua da Sabedoria que devotou-se inteiramente ao seu ensinamento. Por um milhão de milhões de anos ela, a cada dia, fez oferendas ao Buda e aos seus incontáveis discípulos, aos sravakas e aos bodisatvas. Quando os frutos de sua prática amadureceram, surgiu-lhe a motivação da iluminação — a manifestação de Bodicita, o desejo de ajudar a todos os seres. Nesta ocasião, alguns monges deram-lhe o conselho:
"Devido a suas raízes de virtude,
se você, neste seu corpo atual,
rezar para em uma próxima vida
tornar-se um homem
e praticar os ensinamentos,
obterá sucesso.

Isso é o que deve fazer, e, ao final,
em corpo masculino,
poderá atingir a iluminação."

A discussão foi grande. Finalmente a princesa falou:
"Não há homens ou mulheres,
Nem ego, nem personalidade ou consciência.
Os rótulos "masculino" e "feminino" não têm essência,
Mas maculam ainda mais este mundo enganoso."

"Muitos desejam a iluminação em corpo masculino,
Mas há poucos que, em corpo feminino, trabalhem
Pelo benefício dos seres sencientes.
Portanto, até que samsara esteja esvaziado,
Trabalharei, em corpo feminino,
para benefício de todos os seres sencientes".

Por um milhão de milhões de anos ela manteve-se no palácio real. Praticou a concentração e a correta atitude com relação aos objetos dos cinco sentidos, e, dessa forma, atingiu a aceitação de que todos os objetos são não-produzidos2 (anutpattika-dharma-ksanti) e atingiu o samadi "salvando todos os seres sensoriais". Pelo poder dessa realização, à cada dia, pela manhã, liberava um milhão de milhões de seres sencientes dos pensamentos mundanos, e nada comia até que eles estabilizassem esta visão. À cada final de tarde, produzia também esta liberação em um número similar de seres sencientes. Devido a isso seu nome anterior foi mudado para "Tara, a Salvadora". Vendo isso, o Tatagata Dundubhi-svara profetizou: Tão pronto você manifestar a iluminação insuperável, será conhecida pelo nome de "Deusa Tara".
Mais adiante, em um eon chamado Vibuda (Expandido), diante do Tatagata Amogasidi, fez o voto de proteger e salvar todos os seres sensoriais de todas as ameaças, pelos infinitos mundos das dez direções.
Concentrando-se no samadi "Derrotando Todos os Maras", a cada dia, durante noventa e cinco eons ela estabeleceu uma centena de milhares de bilhões de líderes de seres sensoriais em diana, e, à cada anoitecer, subjugou um bilhão de Maras, senhores dos céus de Paranirmita-vasavartin. Por isso recebeu os nomes de Tara (Mãe Salvadora), Mãe Amorosa, Veloz Salvadora, e Heroína.
Adiante, em um eon chamado Não-obstruído, o monge Brilho da Luz Imaculada foi consagrado com raios de luz de grande compaixão por todos os Tatagatas das dez direções e, assim, tornou-se Ariavalokita (Avalokitesvara—Bodisatva da Compaixão). Então, novamente os tatagatas das cinco famílias e todos os outros budas e bodisatvas consagraram-no com grandes raios de luz da natureza da sabedoria da onisciência, de tal forma que, da combinação dos raios de luz anteriores com os últimos, como pai e mãe, surgiu a Deusa Tara. Emergindo do coração de Avalokitesvara, ela manifestou a intenção iluminada de todos os Budas em proteger os seres sencientes dos oito grandes medos3.
Mais adiante, no eon chamado Mahabrada (Muito Afortunado), ela ensinou manifestando-se na aparência "Imovível" do estágio de encorajamento. No eon chamado Asanka, pela consagração de todos os Tatagatas das dez direções, tornou-se conhecida como a mãe que origina todos os budas.
Tudo isso em passado muito remoto, em tempos sem início.
Tara responde?
Quando há um problema, isto se dá referido a causas e condições. Quando as causas e condições mudam, o problema muda ou desaparece. Ao focamos Tara, focamos a natureza da espacialidade e luminosidade pura. Nesta, que é a condição natural de nossa mente, os problemas são focados com o olho de verdade (sansc.: Prajna, tib.: Sherab) e mostram sua natureza verdadeira: sonho, ilusão. São como uma bolha, uma faísca atmosférica: surgem e desaparecem, não têm consistência, natureza própria, sustentação.
Quando assistimos um filme, a identificação com os personagens é imediata. Ainda que esteja claro que trata-se de uma ficção, as emoções surgem e somos capazes de nos inflamar. Por um lado isso é completamente ilusório. Por outro lado, tem a beleza da dança da natureza fundamental da mente, produzindo manifestações transitórias e fugazes ao operar sob condições variadas que se sucedem. O que chamamos "realidade da vida" não é diferente.
A realidade das experiências ao assistirmos um filme é criada por uma combinação de causas internas—marcas mentais associadas as seis emoções perturbadoras4 (carma)—e fatores vindos através dos sentidos físicos. Como resultado, surgem medo, esperança, raiva, orgulho, desejo, inveja, avareza, espaço, tempo, justiça, certo e errado. Exatamente o mesmo ocorre quando das experiências "reais".
Quando percebemos a natureza da realidade que está além das transformações e dos referenciais, além de espaço, tempo, nome ou forma, além de propósito, de certo ou errado, todos os jogos passam a ser vistos como o que são: jogos. Atuam pela modulação da energia fundamental indiferenciada. Dão a sensação de realidade pela experiência de fixação que temos neles. São ilusórios porque surgem sob referenciais, faltando-lhes consistência própria. Entretanto, como um sino que soa ao ser tocado, são perfeitos em sua finitude, manifestação maravilhosa da natureza básica atuando sob condições.
O frescor e alívio dessa compreensão são bênçãos de Tara.

Pedindo ajuda
Faça uma lista cuidadosa do que você quer.
Olhe agora a sua lista. Há algo nela que seja permanente? Algo que não possa ser roubado, que não vá estragar, envelhecer ou morrer? Há algo aí que você não tenha que abandonar ao fim da vida ou antes mesmo? Existência cíclica é esta infindável experiência de carência por objetos, situações e pessoas, apenas para mais adiante isto originar mais sofrimento. Em cada corpo, por incontáveis vidas até a extinção completa da ignorância, sucedem-se estas experiências de nascimento-e-morte.
Olhe novamente sua lista. Se o que você está buscando é impermanente, seu esforço apenas movimenta a existência cíclica, essa roda da vida onde a doença, velhice, decrepitude e morte são os estágios finais das ilusões criadas. Foi justo a percepção desse ponto que produziu no príncipe Sidarta a motivação de atingir a liberação da condição de um buda, tornando-se capaz de ajudar efetivamente os outros seres em seu vaguear sem rumo. Esta é a diferença entre os deuses mundanos e os budas: os primeiros nos suprem do que é transitório e resulta em sofrimento, os budas, do que é permanente e libertador. Os budas nos apontam a natureza fundamental de nossa própria mente, idêntica e una com a mente de Tara e todos os budas.
Quando o príncipe Sidarta estava sentado sob a árvore Bodhi sendo atacado por Mara e seus exércitos, os deuses que até então o tinham aconselhado e propiciado seu caminho, impotentes e aterrorizados ficaram ao lado, apenas assistindo. Os deuses estão submetidos à dualidade, à ignorância, à noção de um eu separado, de outros eus, de espaço, tempo, ganho e perda e, portanto, estão sob o domínio de Mara. Tudo o que oferecem está sujeito a doença, velhice, decrepitude e morte. A despeito de seu poder, estão presos à roda de samsara. Ainda que sua vida seja longa, ao final o fruto de sofrimento e morte é também inevitável. Mesmo eles necessitam a iluminação—a transcendência—, pois, não reconhecendo sua natureza verdadeira, atuam por carma, submetidos a Mara.

Foque seu problema e peça clareza a Tara. Peça para que você e todos os seres reconheçam a natureza verdadeira de si mesmos, e que o sofrimento se extinga. Este fruto de liberação não pode ser roubado, nunca será perdido, não pode ser esquecido, não cria rugas, não precisa ser polido. É o fruto que atravessa vida-e-morte, está além de espaço e tempo, além de eu-e-outro, além de todos os universos e, ao mesmo tempo é inseparável de tudo isso. Quando pedir, a liberação que surgir em sua mente é a imediata resposta de Tara. O que mais merece ser pedido? Que outra ajuda haverá para você, para seus filhos, seus pais, seus queridos, quando eles se aproximarem da morte? Tara pode proporcionar esta ajuda, os deuses não. Tudo o que os deuses proporcionaram durante a vida ou que possam neste momento oferecer será inútil.

Isso não se dá apenas no momento da morte. Em realidade, neste exato momento estamos, como o Buda Sakiamuni, sob a árvore bodhi, atacados por Mara. Os deuses jogam flores. Só Tara pode nos oferecer ajuda: a liberação pelo reconhecimento de nossa própria natureza e do aspecto ilusório de tudo o que Mara produz contra nós.
Se achar difícil entender assim, veja: uma criança que grite mãaeee!, irá provocar a imediata solidariedade de quem estiver à volta. Com muito mais razão, quando recitar o mantra de Tara — Om Tare Tam Soha —, Tara e todos os budas imediatamente responderão. Experimente! Você pode usar qualquer mantra, o essencial é focar a mente em Tara e nos budas. É imediato. Quando Om Tare Tam Soha ecoa, o mundo muda e a iluminação torna-se possível.
Mistério? Evidentemente. É como o mar para o sapo que vive preso dentro de um mesmo poço; como concebê-lo tendo o poço como referencial? Nosso poço é a dualidade, a separatividade, os seis venenos. Só isso vemos. A tudo vemos através disso. O que está além da dualidade, além de nossos referenciais, não podemos conceber, até duvidamos, chamamos de mistério. Neste sentido a natureza de buda, ainda que seja nossa própria essência, é inteiramente misteriosa, transcendente que é à dualidade.

Há realidade em Tara?

Qual sua realidade? O que é Tara?
Quando nos defrontamos com os oito grandes medos, nossos olhos buscam Tara. Nada mais nos resta. Pedimos ajuda e Tara nos ampara. Ela nos ampara no sentido condicionado, como os deuses de samsara, presos à roda da vida. Enfim, se os oito grandes medos estão nos perturbando precisamos de socorro. Mas Tara não se limita a este tipo de ajuda. Tara revela-nos simultaneamente nossa verdadeira natureza.
Diferentemente dos deuses mundanos, quando estamos sob a árvore bodhi Tara corre em nosso socorro com o tipo de ajuda mais eficaz. Tara nos transporta para a outra margem, para além de espaço, tempo, nome, forma, dualidade, para a iluminação.
Uma das manifestações de Tara é Prajna-Paramita. A experiência de Avalokitesvara com Prajna Paramita é narrada no Maha Prajna Paramita Hridaya Sutra5. Prajna Paramita traz liberação por oferecer o reconhecimento da realidade última. Forma é vazio, vazio é forma. Forma nada mais é do que vazio. Vazio nada mais é do que forma.
Não é que forma, sendo vazia, não exista objetivamente. Na verdade os critérios de objetividade, como, por exemplo, os trazidos pela ciência e pela nossa experiência cotidiana continuam plenamente válidos. É que a forma, ainda que exista objetivamente, não tem existência absoluta, ou seja, suas qualidades surgem em processos de relação e não dela mesma6. A forma é vazia de existência inerente.
A todos os problemas que enfrentamos, atribuímos existência própria. A compreensão de que os problemas e dificuldades surgem sob condições, não têm natureza própria, é o início da travessia para a margem da iluminação, e possibilita a experiência além da dualidade.
A pura atenção plena é esta experiência. É a forma sutil de Tara. Está além dos referenciais, é espacialidade, vacuidade e compaixão. Por ser o samadhi da iluminação, é a experiência mãe de todos os budas — os vitoriosos.
Tara existe mesmo? Olhando com cuidado, vemos que nossas próprias características pessoais mudam. Nosso ser de amanhã não é o mesmo que o de hoje. Nossa realidade é fugaz e imprecisa. Já Tara tem a natureza além da dualidade, suas faces são a espacialidade, luminosidade e compaixão imutáveis. Sua realidade é palpável, precisa e estável, muito diferente da nossa – fugaz, ilusória, breve7.

Notas do autor:
1. Recontado à partir de "The Golden Rosary, A History Illuminating the Origin of the Tantra of Tara", Taranatha, do ano de 1608, citado em "In Praise of Tara", Martim Willson, Wisdom, Boston, 1996, e de "Comentários Sobre Tara Vermelha", Chagdud Khadro, Rigdzin Editora, Porto Alegre, 1997.

2. Ou seja, não possuem existência independente, por si mesmos.
3. O medo dos elefantes, como projeção da ignorância; do fogo como projeção da raiva; dos leões, como orgulho; dos ladrões, como visões falsas; das enchentes, como avareza; das cobras, como inveja; da prisão como cobiça; e o medo dos demônios, como projeção da dúvida. V. "Comentários Sobre Tara Vermelha", op.cit.
4. Orgulho, inveja, desejo-apego, ignorância-obtusidade mental, aquisitividade-avareza, ódio-raiva. Cada uma dessas características constitui a base cármica para a experiência dos seres sencientes que dá surgimento a cada um dos seis reinos correspondentes de samsara.
5. Sutra do Coração ou Maka Hannya Haramita Shingyo.
6. Para um exame cuidadoso deste ponto, ver "A Cognição Budista"; A.Aveline, Bodisatva nº2 e 3., e também o livro "Jóia dos Desejos".
7. Para praticar a meditação silenciosa, visualizações e recitações de mantras de Tara, de modo geral todos os centros de budismo tibetano podem auxiliá-lo. As práticas de Tara Vermelha podem ser encontradas em várias cidades do Brasil exterior.
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Oração a Tara
Lama Thubten Zopa Rinpoche


Por que algumas pessoas são bem-sucedidas em quase tudo que se propõem a fazer enquanto outras fracassam constantemente? Dizemos que aquelas que são bem-sucedidas "têm sorte", porém o Budismo explica que no passado elas criaram as causas para que tivessem sucesso - caso contrário, elas não o estariam experimentando agora.
Se desejamos passar por experiências afortunadas e satisfat6rias, devemos criar as causas necessárias para que isso ocorra. Isso é verdadeiro para toda atividade - negócios, esporte ou prática espiritual. Tendemos a achar que, quanto mais difícil a meta, maiores os obstáculos encontrados. Um método efetivo para superar esses problemas e obter êxito é fazer orações e pedidos a Tara, a Libertadora.

Tara é uma manifestação da sabedoria, da compaixão, do amor e, em particular, da atividade habilidosa de todos os seres iluminados. Cada detalhe da sua imagem representa um diferente aspecto do caminho: por exemplo, sua cor verde simboliza sua habilidade de ação. Sua mão direita está na posição de concessão de sublimes percepções e sua mão esquerda está na posição de refúgio. Sua forma feminina demonstra que a iluminação pode ser alcançada tanto por homens como por mulheres.
A prática aqui fornecida envolve a repetição de uma oração de cinco linhas, que é a essência da oração conhecida como Os Vinte e Um Versos em Louvor a Tara, e contém seu mantra, om tare tuttare ture soha (que se pronuncia om ta-re tu-ta-re tu-re so-ha).
Existe uma história sobre a origem dessa oração de cinco linhas.
No século X, o tradutor de Atisha, o grande mestre indiano que morava no Tibete, ficou doente. Dromtõnpa, discípulo de Atisha, profetizou que se o tradutor recitasse os Vinte e Um Versos em Louvor a Tara dez mil vezes, ele se restabeleceria da sua doença. O homem estava doente demais para poder recitar essa longa oração, de forma que Atisha, que se comunicava diretamente com Tara, pediu seu conselho.

Ela lhe deu a oração de cinco linhas, que recitada uma única vez equivale à recitação dos vinte e um versos.
O tradutor completou as dez mil repetições e logo depois recuperou a saúde.
Essa prática foi compilada pelo Lama Thubten Zopa Rinpoche como um modo de abrirmos nossos corações à energia inspiradora e incrivelmente suave de Tara.
A PRÁTICA
Visualize Tara no espaço à sua frente, de cor verde-esmeralda, sentada sobre um lótus e sobre uma lua.
Ela é uma manifestação da onisciência, do amor e da compaixão de todos os budas, e possui a natureza da luz, e não é sólida nem concreta.
Sua perna esquerda está levantada, o que significa seu completo controle sobre o desejo, e sua perna direita está estendida, o que indica que ela está pronta para se levantar em auxílio de todos os seres. Sua mão esquerda está sobre o seu coração no gesto de refúgio: a palma virada para fora, o polegar e o dedo anular unidos, e os outros três dedos levantados.
Sua mão direita está colocada sobre seu joelho direito no gesto de concessão de sublimes compreensões: a palma virada para fora, o polegar e o dedo indicador se tocando, e os outros três dedos apontando para baixo.
Em cada mão ela segura o caule de uma flor utpala azul, símbolo da desobstrução do canal central.
Ela está adornada de forma encantadora com roupas de seda e jóias, e sua face sorridente irradia amor e compaixão.
Todos os seres sencientes, na forma humana, circundam você: as pessoas próximas a você estão às suas costas, aquelas de quem você não gosta à sua frente, e todas as outras estão tanto do seu lado esquerdo como do direito. Você está completamente cercado por todos os seres sencientes, até o ponto de alcance da visão.
Todas as pessoas se unem a você para recitar as seguintes orações:

Refúgio e bodhicitta
Busco refúgio até que eu me ilumine
Nos budas, no dharma e no sangha.
Pelo mérito que crio na prática da doação e das outras perfeições
Que eu atinja o estado de buda para o bem de todos os seres sencientes.

Os quatro pensamentos imensuráveis
Que todos os seres sencientes possuam a felicidade e as causas da felicidade;
Que todos os seres sencientes se libertem do sofrimento e das causas do sofrimento;
Que todos os seres sencientes jamais se separem da felicidade que não conhece o
sofrimento;
Que todos os seres sencientes permaneçam na serenidade, livres do apego e da ira que mantêm alguns próximos e outros distantes.

Os sete membros
Prostro-me reverentemente com meu corpo, minha fala e minha mente
E apresento uma multiplicidade de todos os tipos de oferendas, verdadeira e mentalmente
transformadas.
Revelo todas as minhas atitudes negativas acumuladas desde o tempo sem início
E rejubilo-me no mérito de todos os seres santos e comuns.
Peço-vos que fiqueis até que samsara termine
E virai a roda do dharma para os seres sencientes.
Dedico os méritos criados por mim e pelos outros à grande iluminação.

Oferenda da Mandala
O solo fundamental é perfumado de incenso e coberto de flores,
Adornado com o Monte Mero, os quatro continentes, o Sol e a Lua.
É assim que imagino o campo-de-um-buda e o ofereço.
Que todos os seres viventes se deleitem nesse reino imaculado.


Oração a Tara

Lembre-se agora de algum pedido especial que você deseja fazer - sucesso nas suas atividades espirituais ou mundanas, saúde e vida longa para seus parentes, amigos ou você mesmo, ou qualquer outra coisa que você deseje. Com essas necessidades em mente, recite a oração curta a Tara tantas vezes quantas puder, sentado ou realizando prostrações.
Om, eu e todos nos prostramos diante da libertadora, da completamente realizada, sublime subjugadora.
Prostro-me diante da gloriosa mãe que liberta com tare;
Vós sois a mãe que elimina todos os medos com tuttare;
Vós sois a mãe que concede todo o sucesso com ture;
A soha e às outras sílabas oferecemos a mais eminente homenagem.

ORAÇÃO A TARA EM TIBETANO
Om chom.den.day.ma
pago ma drõl.ma la chag.tsel.lo
Chag.tsel drõlma tare pel.mo
Tuttara. yi jig.kün selma
Ture dõn.nam tam. chay ter.ma
Soha yi.ge che.la rab.tu

Enquanto você recitar a oração visualize raios de luz com néctar que escorrem deles (como pingos de chuva que escorrem de um fio) emanando do ponto onde o polegar e o dedo anular da mão esquerda se tocam.
Os raios e o néctar fluem continuamente, alcançando você e todos os seres que o circundam, purificando seus obstáculos à prática do dharma e os obscurecimentos à libertação e à iluminação.
Lembre-se dos problemas de todas as pessoas por quem você está rezando.
Pense também nos sofrimentos e problemas que estão sendo enfrentados pelos seres sencientes que o circundam: pessoas que participam de guerras, sentindo-se doentes ou solitárias; aquelas que estão cheias de raiva, orgulho e de ciúme.
À medida que os raios penetram nos seus corpos e mentes, seu sofrimento e as causas do seu sofrimento se extinguem por completo.
Todos os seres sencientes se libertam totalmente.
Acredite com profunda convicção que Tara aceitou seus pedidos e atendeu a suas orações.
Durante a primeira metade da sua recitação, você pode visualizar a purificação descrita acima, e, durante a segunda metade, você pode visualizar que você e todos os seres se tomaram um com Tara: a cada oração uma Tara idêntica emana da Tara visualizada na sua frente e se dissolve dentro de você e de todas as outras pessoas.

Todos vocês se tomam totalmente um com o corpo, a fala e a mente sagrados de Tara.
Consagração do merecimento
Através desses méritos
Possa eu rapidamente atingir o estado de Tara
E levar todos os seres viventes, sem exceção,
A esse estado iluminado.
Que a suprema jóia bodhicitta,
Que ainda não surgiu, se manifeste e cresça;
E que aquela que se manifestou não diminua
E, sim, aumente cada vez mais.


As 21 Manifestações da Nobre Tare:

Tare verde
1. Tare rápida e heróica
2. Tare branca como a lua do outono
3. Tare cor de ouro
4. Tare a vitoriosa unisha dos Tathágatas
5. Tare proclamadora do som de Hum
6. Tare vitoriosa sobre os três mundos
7. Tare trituradora dos adversários
8. Tare que tritura todos os maras e concede supremos poderes
9. Tare que garante benefícios
10. Tare que acaba com toda lamentação
11. Tare que convoca todos os seres e disssolve todo infortúnio
12. Tare que concede toda prosperidade
13. Tare a aperfeiçoadora
14. Tare a feroz justiceira
15. Tare a grande pacificadora
16. Tare a eliminadora de todo apego
17. Tare concluidora de todas as bênçãos
18. Tare a vitoriosa
19. Tare a consumidora de todos os sofrimentos
20. Tare, fonte de todas as realizações
21. Tare, a perfeita


O ROSÁRIO DE OURO (deTaranatha).


Tare Protetora dos Dezesseis Medos:
1. Tare Protetora do medo dos inimigos.
2. Tare Protetora do medo dos leões.
3. Tare Protetora do medo dos elefantes.
4. Tare Protetora do medo do fogo.
5. Tare Protetora do medo de serpentes.
6. Tare Protetora do medo dos bandidos.
7. Tare protetora das muralhas das prisões.
8. Tare Protetora do medo das ondas do oceano.
9. Tare Protetora do medo dos ogres comedores de carne.
10. Tare Protetora do medo da lepra.
11. Tare Protetora do medo dos enganos dos anjos de Indra.
12. Tare Protetora do medo da pobreza.
13. Tare Protetora do medo de perder os parentes.
14. Tare Protetora do medo da punição real.
15. Tare Protetora do medo de raios.
16. Tare Protetora do medo da perda dos objetivos.

ORAÇÃO DA NOBRE DEUSA TARA
Pelo Mestre Indiano
Candragomin
(Sétimo Século D.C.)


Homenagem para a Deusa TARA!

1.A escuridão do Samsãra, difícil de repelir,
Você supera como a luz do sol.
Para Você com mente úmida de compaixão,
TARA, eu sempre me curvo.

2 Por Você, Deusa dotada de mente aguçada, bravos leões, que podem matar grandes elefantes,
ficam assustados e correm para fora da visão.

3. Com a ponta dos dentes o elefante pode dividir as pedras ou pode desarraigar as árvores;
Mas quando Seu mantra é recitado,
O elefante corre para fora, amedrontado.

4 Difícil de agüentar, enchendo todo o espaço
e quarteirões, incontrolável incêndio queima tudo com suas chamas; mas a chuva de Sua Prece apaga o fogo.

5 Emitindo assobio, que surge
de seu inteiro capuz, venenosa,
Uma cobra é amedrontada por Sua Prece,
Ó Deusa, como pelo poder de um garuda.

6 Eles podem golpear os viajantes com suas espadas e deixar seus membros manchados de sangue; mas só porque eles ouvem Seu Nome os ladrões ficarão impotentes.
7 Quando agarrado pelos cabelos e jogado na prisão pelos soldados do rei enfurecido,
Aquele que A elogia, Ó Deusa
Que salva da prisão, não terá nenhum medo.

8 Quando massas de ondas vêm para cima das dez direções e até mesmo do céu,
Seu criado, no oceano depois do
naufrágio, alcança a praia do outro lado.

9 Cobertos de um lodo de sangue e crâneos,
Os qual eles estão ávidos de devorar,
Os Pisacas, Ó Deusa, ficam assustados
pela recitação de Seu mantra.

10. Leprosos com membros rasgados, narizes gotejantes de sangue, fedendo com os corpos gotejantes,
Apenas se reunindo a Você
se tornam [belos] como deuses do Reino do Desejo.

11. Mendigos que se assemelham a fantasmas famintos,
nus, torturados de fome e de sede,
Só se curvando a Você
são transformados em imperadores.

12. Pela virtude acumulei
por elogiá-la assim, Ó Pureza,
Libertadora dos Grandes Medos,
Possa ser conseguida a felicidade mundial!

O elogio da Deusa TARA por Mestre Candragomin está completo.
É dito que com [este] Elogio, o Mestre fez uma imagem de madeira de TARA aumentar o seu dedo indicador dela. Quando ele Lhe perguntou: "Por que Você faz isso?", Ela respondeu, "Este elogio seu é bem falado." Ela era conhecida como a "TARA do Dedo Indicador Elevado".


O Budismo tem sua própria tradição de Tantra que tem sido preservada principalmente no Tibet, mas pode ser encontrada até certo ponto em todos os lugares, onde o Budismo Tântrico possui, de uma forma geral, muito em comum com o Hinduismo. Na verdade, parece ter mais em comum com o Hinduísmo que com as tradições do Budismo Theravadin do sudeste da Ásia. O Bu­dismo Tântrico é caracterizado por ritual de veneração (puja), devoção a formas de deuses e deusas (bhakti), Mantra Yoga, e uma ênfase em técnicas de Yoga, que são geralmente encontradas no Budismo do sul do Sri Lanka, Burma e Tailândia, mas os quais são fundamentais para o Hinduismo. Outro aspecto da cultura Hindu e Védica como os rituais do fogo (homa), medicina Ayurvédica, e astrologia Védica são parte da tradição do Budismo, particularmente a tibetana.
O Budismo como o Tantra Hindu empregam imagens de deusas e yogues (forças femininas do Yoga). Em pelo menos dois exemplos (Tara e Chhinnamasta) as imagens Budistas tem os mesmos nomes ou descrições das deusas hindus da sabedoria. O Budismo Tântrico ensina a devoção das deusas Hindus como Sarasvati e Lakshmi — que correspondem a Matangi e Kainala das deusas da sabedoria — e deuses Hindus como Ganesh e Kubera. Uma importante deidade, Mahakala do Budismo Tibetano parece ser a variação de Shiva-Mahakala do Hinduismo. A principal deidade Budista do Bodhisattva, Avalokiteshvara, é retratada em formas similares a tanto Shiva quanto Vishnu.

TARA

A deusa Tara é talvez a mais óbvia deidade em comum em ambas as tradições Hinduísta e Budista.
Na tradição Budista Tara é a principal das Bodhisattvas femininas:
um ser que viveu uma vez e fez um voto de ajudar todos os seres no futuro que clamarem por ela.
Os Bodhisattvas Budistas tem mais ou menos o mesmo papel que as deidades da tradição Hindu.
Elas não são simplesmente grandes seres do passado, mas princípios cósmicos e definitivamente a própria consciência.
Assim considerando Tara aparece como a forma Budista da Deusa Suprema, Mãe Divina, criadora,
preservadora e destruidora dos mundos.
Similarmente, enquanto a Deusa Hindu é a Mãe cósmica muito além de qualquer necessidade de encarnação,
como uma Bodhisattva ela assume formas para ajudar, ensinar ou salvar os seres.
Ela está sempre presente por nós para requisita-la.
Tara na tradição Budista ocupa um papel como a Maheshvari ou Mahadevi, a Grande Deusa e Mãe dos mundos no Hinduismo.
Ela representa geralmente o poder feminino e possui várias formas diferentes.
Por outro lado, a figura de Tara na tradição Hindu não é tão comumente mencionada como as
deidades Lakshmi, Kali, Durga, Parvati, ou Sarasvati.
Tara é geralmente interpretada como uma das formas de Durga, que frequentemente representa a própria Mãe Suprema.
Assim como Durga-Tara podem ser representadas como as Deusas supremas para ambos Hindus e Budistas.
A palavra Tara é um termo sânscrito antigo. Ocorre primeiramente no Yajur Veda (um antigo texto da era pré-Budista)
no masculino como um nome para o Senhor Shiva como o que salva ou retira-nos das trevas e sofrimento.
Reverencia a salvadora (Tara), reverencia a que confere felicidade e a que confere prazer,
reverencia a que produz a paz e a que produz prazer, reverencia ao auspicioso (Shiva) e a mais auspiciosa.

TaittiriyaSamhital V.5.8

O nome Tara primeiro ocorre na mesma seção dos Vedas onde o grande mantra de reverencia a Shiva (namah Shivaya) também primeiro aparece, e assim como os sete nomes principais desta deidade.
Tarini, que como Tara significa o salvador, é utilizado como um nome para Durga no Mahabharata.
Aparece no Hino de Arjuna a Durga antes da Guerra do Mahabharata na qual ele invoca sua graça para a vitória na batalha.
A principal função de Durga é salvar-nos da dificuldade, assim como Tara.
A veneração a Durga-Tara e Shiva é parte da mesma tradição referindo aos tempos Védicos.

Ambos Budismo e Hinduismo empregam a imagem da sabedoria como sendo a embarcação que nos atravessa através das águas do mundo ou do oceano de Samsara. Ambos sabedoria e embarcação são termos femininos em Sânscrito. O termo Budista para sabedoria, Prajna, é um termo védico e aparece nas Upanishads também, juntamente com muitas outras palavras ou termos Védicos femininos para sabedoria (como medha, dhi, tnati, manisha, yak, vani, nau). Um mantra para Durga, que aparece no suplemento do Rig Veda, fala de sua ação salvadora usando o termo Tara:
O renacido que venera a linda, gentil Deusa que tem a cor do fogo, o Fogo os leva através (tarayati) de todas dificuldades, como um navio através do mar.

Rig Veda Parishishthani 26.8
A raiz Sânscrita tri, "salvar”, é comum no pensamento Védico, particularmente na metáfora de atravessar o mar.
Tam é o mesmo em ambos Hinduismo e Budismo como uma Deusa da sabedoria e entrega simbolizada pela embarcação da Palavra Divina, mas ela é mais comumente chamada Durga na tradição Hindu, onde ela tem uma maior variedade de funções e aspectos como a consorte do Senhor Shiva.

O rishi ou aquele que vê para a Tara Hindu é Akshobhya, que é sua consorte na terminologia Budista e também um Bodhisattva. O Akshobhya Hindu é uma forma do Senhor Shiva, que como o significado do termo não pode ser perturbado ou abalado. Além disso, Tara (ou Nila Sarasvati como ela é também chamada) é relacionada à China ou Mahachina, China ou Tibet, nos textos Tântricos Hindus (como o Devi Gita). Isto conecta a Tara Hindu com influencias Budistas. Entretanto, antigos textos Védicos e pre-Budistas (como Aitareya Brahmana viii. 14) falam de terras Védicas localizadas "além dos Himalaias”, sugerindo que o Tibet era anteriormente uma terra de cultura Védica. A pre-Budista Tibetana Bon religião, notamos, contém muitos elementos dos ensinamentos Hindus e Védicos como o Shaivismo.
A forma de meditação Budista de Tara é semelhante à forma Hindu de Lakshnii. Ambas são usualmente simbolizadas na mesma posição sentada, com a perna direita pendente, com duas lótus em cada lado, e possuindo o mesmo gesto de mão básico. A única diferença é que a Tara Budista realiza o gesto da mão tocando o polegar e dedo indicador, enquanto Lakshmi tem suas mãos abertas. A Tara Hindu possui uma forma mais parecida com Kali, como discutido in sua sessão do livro. Isso é porque a Tara Budista como uma forma geral da Deusa contém muitas das funções da Divina Mãe que no Hinduismo são dadas a Laksmi e Sarasvati.
Portanto há pouca diferença entre a forma, função e uso da Tara nas tradições Hindu e Budista, ou do lugar da Deusa como um todo e as maneiras de sua adoração. Alguns eruditos, notavelmente Lama Govinda, tem tentado diferenciar Bodhisattvas Budistas femininas das Deusas Hindus seguindo a idéia de que a anterior representa sabedoria (Prajña), enquanto a posterior representa somente poder (Shakti), que é dito serem diferentes conceitos. Esta distinção é superficial, como já deveria ser evidente a partir das informações neste livro. As Deusas Hindus possuem três formas; como conhecimento, força e beleza (as três formas básicas de Sarasvati, Kali e Laksmi), que sempre andam juntas. Acima de tudo, Shakti é Cit-Shakti, a força da consciência. As Deusas Hindus são também chamadas Vidyas ou formas de conhecimento. E o Budismo Prajfla tem seu poder de iluminar, salvar ou proteger, e é similarmente a fonte de amor, compaixão e beleza.
Nós somos levados a seguinte conclusão: A forma de Tara que nós achamos na tradição Hindu parece estar em harmonia com o desenvolvimento do mesmo nome e termo das antigas fontes Védicas. A função de Tara como a geradora, que é um dos aspectos da consorte de Shiva, não requer outra influencia externa para explicar seu lugar dentro da tradição Hindu. Tara como um nome para ambos Shiva e sua consorte pode ser reconhecido em hinos Védicos muito antes do advento do Buddha.
O Budismo desenvolve a idéia de sabedoria salvacionista que é herdada do pensamento Budista, através da forma de Tara, que se torna sua formulação primordial do papel das Deusas. Isto de ser um desenvolvimento das primitivas idéias Védicas de sabedoria salvacionista, ou talvez seja um desenvolvimento independente. A natureza feminina da sabedoria não parece ser limitada a nenhuma tradição em particular como nós podemos observar através de figuras femininas como a Sophia do Gnosticism ou Isis no antigo Egito. Assim nada na idéia Budista de Tara requer uma influência externa para explicar seu papel também.
Isto não quer dizer que as duas formas de Tara não são relacionadas, mas que sua relação são mais devidas às afinidades gerais entre as duas tradições que qualquer empréstimo significativo. Ambas as tradições refletem uma base comum na cultura Védica, na tradição do yoga e no Tantra. Enquanto tem havido diferenças entre elas, estas na maioria tem sido superficiais e semânticas. As duas tradições se sobrepõe em grande extensão, que é o que nós verificamos em suas imagens das Deusas. Apenas em termos como karma, dharma ou nirvana ocorrem comumente em ambas às tradições, pois elas dividem uma cultura e língua em comum, logo do formas de Deuses e Deusas aparecem em cada uma delas. A origem do termo Tara, entretanto, deriva dos Vedas, que precedem o Budismo. Ainda que a ênfase do nome Tara como a Deusa suprema é primordialmente Budista.
Ambos Hinduismo e Budismo (e o Jainismo também), deveríamos notar, seguem as mesmas regras de ícones descritos, incluindo seus ornamentos, armas, aparatos, posturas e gestos (mudras), e para os métodos de rituais de veneração, o uso de mantras, yantras e outras práticas. Se nós examinarmos o Inantra Budista para Tara, este é similar aos mantras para as Deusas Hindus.

Fonte:
Texto extraído do apêndice de "Yoga Tântrico e a Sabedoria das Deusas"
de David Frawley. Editora Motilal Banarsidass.


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Nossa gratidão a todos que nos apresentaram estes textos trouxeram esta jóia de ensinamentos sobre Tara.
Por um mundo melhor, o conhecimento deve ser passado e acessível a todos os Seres Viventes.
Luz, paz e amor.
Zeladoria Central Flor da Alma.



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