Suprassexualidade – Uma compreensão mais profunda
A dificuldade de algumas religiões e escolas esotéricas (ou pseudoesotéricas) tratarem a sexualidade, pendendo de acordo com a ideologia predominante, hora para a repressão quase que total, hora para a libertinagem, que alguns confundem com liberdade, fez da sexualidade um tabu ou elemento de fixação. Ambos os casos podendo ser considerados patológicos, gerando vários desequilíbrios psicofísicos, motivando várias desgraças.
Desde cedo se apresenta ao discípulo, que optou por seguir a senda mística, o dilema de como harmonizar sua vida sexual à vida espiritual, integrando-as num todo coerente, capaz de contribuir para sua jornada.
Os verdadeiros Mestres de Sabedoria sempre souberam que a energia sexual é a expressão do Princípio Único, que manifesta-se no nosso universo como energia polarizada, dinâmica e criadora. Os iniciados de diversas tradições referiam-se a essa expressão polarizada e criadora como Fohat, Prana e Kundalini, no sistema iniciático Tântrico; ou como Yin, Yang e Tao no Taoísmo; Percepção, Luz e Trevas, ou Dia e Noite, nas tradições hebraicas.
No homem e na mulher, essa energia criadora manifesta-se como fonte de vida, inspiração, juventude e vitalidade. Essa energia garante a eternidade biológica da raça humana e a longevidade pessoal.
Porém, o abuso, ou profanação desta energia, promove a desvitalização, a atrofia das capacidades criativas da mente, o embotamento progressivo das faculdades espirituais e conseqüente decrepitude que resultam em retardamento ou morte prematura.
Devido a isso, algumas escolas e religiões, por não encontrarem meios de evitar tais perigos, e pela incapacidade de fornecer a seus seguidores respostas plenas para tais questões, optaram por orientá-los na prática do celibato.
Dessa forma, afastaram de seus seguidores os perigos de uma profunda e acelerada degeneração, voltando totalmente suas energias para a espiritualidade. Por exemplo, o sexo só é permitido com fins procriativos, ou mesmo prescrevendo o total celibato para seus sacerdotes.
Por outro lado, os verdadeiros iniciados sempre souberam que o caminho que conduz à saúde, criatividade e juventude, abrindo as portas da vitalidade, é o caminho do Equilíbrio.
Ou seja, os verdadeiros Mestres, quando fazem jus a este título, nunca foram inflexíveis ou extremistas em relação à sexualidade, pois como Kumaras, Senhores de Vênus, ou da energia venusiana, do Amor, conhecem e dominam os Mistérios da Energia Sexual.
Os ensinamentos de tais Mestres partem do princípio de que a Evolução nasce na integração dinâmica das polaridades criativas cósmicas, que se expressam antropomorficamente, no homem e na mulher, e visam promover a saúde, vitalidade e longevidade física, além de desper progressivamente os poderes latentes no ser humano.
Estes ensinamentos foram preservados na Ásia, nos cultos Tântricos e Taoístas; no Oriente Médio e Europa, fortemente influenciados pelos egípcios, floresceu nas tradições herméticas conhecidas como Alquimia; chegando até os nossos dias, nos atuais ensinamentos gnósticos, conhecidos como Senda do Fio da Navalha.
Nessa via, o buscador é orientado a trabalhar simultaneamente seus veículos densos e sutis de modo a promover uma mudança radical nos mesmos, através da manipulação da parcela da energia cósmica, existente em sua própria estrutura.
Nossa estrutura densa, que é formada pelo corpo físico-etérico, astral e mental; geralmente é mal trabalhada, focada desequilibradamente no mundo material, devido à forte influência dos estados animalescos de nossa evolução.
Em contrapartida nosso corpo espiritual, como gérmen potencial, é praticamente inexistente, seus débeis apelos são expressos na forma de esparsos insights, insignificantes e desconexos, para os quais a maioria brutalizada não consegue explicação.
Numa estrutura assim, a supraconsciência humana não pode se expressar plenamente.
Nossos corpos densos precisam ser sutilizados, ou purificados e nossos corpos superiores devem ser fortalecidos, ou coagulados, no sentido do Solve et Coagula dos Alquimistas, até se atingir um meio-termo equilibrado, um novo corpo diferente.
Segundo a Senda do Fio da Navalha, é necessário o enfraquecimento dos apelos físicos e o fortalecimento das virtudes espirituais, promovendo a transformação progressiva dos dois aspectos , o humano e o divino, inicialmente distintos, numa unidade conhecida como corpo de prana, corpo energético, corpo imortal ou fluogístico.
Este seria o veículo perfeito para manifestação da supraconsciência, ou o Ser dos Gnósticos. Os iniciados nesses mistérios ensinam que é possível efetivar isso, através da manipulação da energia biopsíquica, encerrada potencialmente nas glândulas, principalmente as sexuais.
Tanto nossos veículos densos, ou Quaternário Inferior (nossos corpos físico, vital, astral e mental), bem como nossos veículos sutis, ou Ternário Superior (os corpos causal, intuitivo e átmico, ou espiritual), são basicamente formados por vários tipos de energia cósmica.
Até mesmo o corpo físico, aparentemente denso, é em sua maior parte formado por energia eletromagnética, que une a pouca matéria existente, através de imensos espaços vazios.
Portanto, alterações nesse campo energético provocariam mudanças em todos os nossos veículos densos e também nos sutis.
Os centros energéticos espalhados pelo corpo são conhecidos na tradição hindu como Chacras, Tan-Tiens entre os taoístas chineses, ou sefirotes na tradição hebraica; juntamente com as glândulas de secreção interna, através dos hormônios e outras substâncias, nos permitiriam realizar as modificações sobre este campo eletromagnético e, conseqüentemente, em todos os nossos corpos.
Porém, é necessário estimular a produção dessas substâncias glandulares e a conseqüente liberação dessa energia biopsíquica por meio das técnicas entregues pela Sabedoria Gnóstica.
Segundo os iniciados, isso pode ser alcançado através da União Sagrada (Hieros Gamus), que é a união nos três mundos, entre o homem e a mulher, que, como expressão na face da terra da dualidade dinâmica universal, possuem em si um imenso reservatório de energia vital.
Isso é possível, pois no homem os centros de força, positivos e negativos, são opostos aos da mulher e quando um casal se une nos três mundos, espiritual, psíquica e fisicamente, realizando o Hieros Gamus, seus centros de força atuam um sobre o outro, os positivos dinamizando os negativos, através de um processo de troca dinâmica, que promove a liberação e circulação da energia sagrada, chamada em algumas tradições de Kundalini.
Se os cuidados certos foram tomados anteriormente a essa união e esta for periódica e duradoura, observando determinados ciclos, a energia da Kundalini, acumulada no centro de força básico (chacra raiz ou Muládhara), sobe em forma de vapor ígneo pelo canal etérico que existe hipostaticamente na região da coluna vertebral, chamado entre os hindus de Sushumna Nadi, ativando os demais chacras e através deles atuando na estrutura energética humana.
No corpo físico, esta ativação dos chacras age sobre algumas glândulas de secreção interna, estimulando sua atividade. Essas glândulas passam a segregar seus hormônios, modificando o sangue, as células, e promovendo o perfeito funcionamento dos órgãos e dos sistemas do corpo. A liberação natural, porém integrada e acelerada dessas secreções hormonais, promove alterações químicas na corrente sanguínea, dinamizando os poderes latentes do corpo e modificando a Consciência.
Desta forma, os espiritualistas que desejam integrar sua busca espiritual, harmonizando sua vida num todo coerente, devem encarar o sexo como instrumento de transformação, alavancador dos processos revolucionários do Ser, tratando-o reverentemente como tal, pois da mesma forma que é pedra de tropeço e de escândalo para o promíscuo, é a pedra bendita dos Alquimistas, promotora de saúde, vitalidade, lucidez, felicidade, iluminação e longevidade física, além de despertar progressivamente os poderes latentes no ser humano.
Mas, para que a sexualidade possa se tornar um elemento benéfico no caminho do Buscador da Luz, existem algumas recomendações “inegociáveis” que devem ser observadas:
1. Ser heterossexual, devido à impossibilidade de interação energética e troca dinâmica entre dois homens (Yang), ou entre duas mulheres (Yin). A união homossexual é extremamente daninha ao crescimento espiritual;
2. Não ser promíscuo, pois independentemente da sexualidade no seu aspecto sagrado ter sido manipulada indiferentemente em culturas diversas, a promiscuidade sempre foi considerada fator de desequilíbrio energético dos chacras; segundo o Mestre Samael Aun Weor, autor de Mistério do Áureo Florescer (obra maravilhosa que versa sobre a sexualidade e o crescimento interior; este livro encontra-se disponível gratuitamente em nossa Biblioteca Gnóstica), os fluidos energéticos do casal se misturam em suas colunas vertebrais. Quando há promiscuidade, ou múltiplos parceiros, esses mesmos fluidos das pessoas envolvidas se misturam em suas colunas e chacras, danificando-os e bloqueando-os;
3. Canalizar a energia vital para os centros de força superiores, enriquecendo as secreções glandulares, caso contrário ela ficará congestionada nos centros inferiores, criando vários distúrbios e escapando (na forma de poluções noturnas, espermatorréias, corrimentos etc.) na primeira oportunidade; ou seja, o Tantra, preconizado pelos gnósticos, ensina uma nova e revolucionária postura sexual, não é simplesmente uma ginástica onde não há orgasmos e ejaculação dos líquidos sexuais. É uma radical mudança de paradigmas sexuais;
4. Respirar adequadamente, para isso alguns exercícios respiratórios são recomendáveis, equilibrar a alimentação e evitar ingestão de drogas de qualquer espécie;
5. Fortalecer a Vontade, a Imaginação Consciente (ou Visualização Criativa) e a Inteligência Superior, elementos que diferem os seres humanos dos animais;
6. Desenvolver o amor fraternal por todos os seres vivos, sem o qual é impossível ativar o centro de força cardíaco, que como uma balança equilibra os centros energéticos inferiores e superiores. São os Fogos Cardíacos que controlam a ascensão da Divina Kundalini;
7. Conhecer e praticar um sistema iniciático adaptado à cultura e ao tipo psicofísico atual que conduza equilibradamente o Buscador nessa senda… sem fanatismos, sem repressões, sem fantasias, sem mitomanias… Amor, sempre!
Independentemente das más interpretações e daqueles que se escandalizarão com este assunto, esperamos sinceramente ter colaborado para auxiliar nossos irmãos na difícil tentativa de integrar sua sexualidade à busca espiritual, apresentando outra opção à vida celibatária, que somente pode nos conduzir ao fastio, à falta de amor à vida e à morte.
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